segunda-feira, 16 de março de 2015

A Descolonização no século XXI

Nesses dias que as informações são vomitadas em cima de todos, informações pobres, gosmentas, mentirosas e sinceras. Eis que chegamos em uma nova etapa, só não sabemos de nada. Acontecimentos marcantes, a mídia escancara escândalos e encoberta escancaramentos, defende a velha ideia e leva milhões às ruas, como isso pode funcionar mais de uma vez? Lembremos de 2013, os vândalos no Brasil e os manifestantes dos EUA, os pós-democracia que na verdade são comunistas, é gente que viu que comprar, ter, comprar, ter mais não faz de você uma pessoa mais feliz, sabemos que isso só produz tristeza, solidão, amargura, ódio e escravidão. Vejam os tumultos do Oriente Médio, olhem os indignados espanhóis, percebam a emancipação da grega e analisem a luta venezuelana. reparem os BRICS fugindo dos "ômi", exércitos preparados, chineses com russos diluem suas ideias e fazem transbordar a necessidade de libertação.
      Os descarados que inventam crises para que não precisem deixar de ostentar compram nossa cultura com um saco de ouro roubado, muita coca-cola e pintos moídos. Uma história repetida e o brasileiro prefere ganhar seu saco de pão dentro dos porões escuros e mal-assombrados que se unir aos irmão e exigir a sua descolonização, nem pra direita, menos ainda pra esquerda, antes fosse para trás, mas estamos indo para baixo, bem fundo, sufocados sem reclamar. As miras estão no alvo errado, as Lojas triangulares promovem a festa em assobios nebulosos, feitos de luz trevosas, sem cor, opaca e densa. Assim continuam o domínio heterogêneo em todo o lar e a TV continua acesa.
      É muito cruel não poder dizer o que se pensa, não poder abraçar quem se quer, não se permitir ser quem é. E é inacreditável pensar que o gigante do petróleo, o qual o capital não sobreviveria sem, se submete aos quereres dos bárbaros donos do mundo, às senzalas, às catracas, bombas, tóxicos, patrões... tudo lincado em prol de um só objetivo. A abundância deles é a nossa pobreza e para manter esse projeto os brancos vão protestar com todo o ódio, intolerância e ganância. Mas que dois anos atrás só sabiam reclamar da gente honesta que lutava por direitos.
      Neoliberalistas, neonazistas, não, realmente não são, não há nada de novo... já diziam da outra vez que "somos os mesmos e vivemos como os nosso pais", isso não torna a questão lamentável, torna-a perdida, morta, acabada, devorada por comedores de sonhos.
      Hoje, não há nada pra comemorar aqui, os brasileiros não querem saber da descolonização no século XXI.

domingo, 27 de julho de 2014

A Promessa Que Não Foi Cumprida

    O Senhor apareceu a Abrão e disse: "À sua descendência darei esta terra". Eles estão vindo, já anunciaram, está no seu livro sagrado, sagrado pra eles que vem vestido de vermelho e azul. Não posso dizer meu nome, mas preciso contar minha história:    Nasci no meio do deserto, não só um deserto de areia, mas também um deserto de paz, este lugar em que vivo até hoje sempre foi cercado de violência, na verdade eu nem sabia do significado da palavra violência porque tudo isso sempre foi bem comum para mim. A história do meu país é só bomba e choro, por isso entrei para o Hamas, não tenho nada a perder, minha mãe foi morta e minha irmã que nem havia nascido foi exposta na porta de casa onde eu morava para que eu não volte mais, eram tudo o que eu tinha e ver aquele feto que poderia nos salvar foi muito cruel para mim, os judeus tem mais direitos que nós palestinos, eles podem morar nas casas vazias, então eles nos matam para esvaziar nosso lar, consegui fugir e isso é raro aqui.    Realmente não entendo essa de “deus me deu” e “terra prometida”, o deus deles não disse “não roubarás”? Não entendo isso. Mas voltando, fiquei sem casa, sem bens, sem nada e procurei ajuda, recebi no Hamas, minha mãe nunca permitiu que eu entrasse, ela sabia que era a única  forma de combater Israel, mas era covarde, eu entendo, quem quer perder um filho? Mas ela não está mais aqui e não tenho saída a não ser lutar pelo meu lugar. Não temos um exercito nacional, então o próprio povo precisa se organizar, e temos vários grupos, o maior é o meu. Produzimos bombas, bloqueamos ruas, tudo com pouca tecnologia, afinal eles fecham nossa fronteira e não entra e nem sai nada, nos viramos na medida do impossível.    Meu povo não tem comida, não tem casa, não tem nada, eles tem tudo, grandes veículos de guerra invadem nosso território e massacram, não há o mínimo de dignidade, agora eu preciso ir embora, embora em todos os sentidos, me vestirei de branco e atacarei aquele exército da forma que for só em defesa, é óbvio que vão me matar, mas ninguém poderá dizer que não lutei pelo meu povo e terei sete virgens comigo quando sair deste inferno. Resista meu povo.

domingo, 13 de julho de 2014

Copa e Cozinha


        Eis que terminou, conhecemos o grande vencedor da copa, a maioria de nós achamos que era a Alemanha, mas no fundo sabemos que são aquele homens engravatados que prONUncia os novos objetivos do nosso mundo. É, não adiantou nada gritar, levantar cartazes e lutar, os estrangeiros não precisaram dos nossos hospitais e da nossa escola, não procuraram saber pra onde vai nossa água, e nem se tocaram que o preço que eles acharam caro fazem parte do nosso dia a dia...
       Mas deixa pra lá, vamos rezar para a Russia realmente acordar e se revoltar contra os EUA, para muitos isso não tem a minima significância, mas isso pode ser um marco dos novos rumos do mundo, de repente nossa libertação, sabe aquela esperança que temos na igualdade... pode se acender novamente, como o credo de Milton "tenha fé em nosso povo que ele acorda, tenha fé em nosso povo que ele assusta.".        Ai, Milton, essa esperança se alimenta de nada, eles estão trocando figurinhas para completarem os álbuns, enquanto deixam pra lá a vida, o estudo, a comida, a família. Não nos importamos com a cozinha, só a Copa basta para sermos felizes, é uma pena que não me divirto com isso, não posso achar graça de um homem matando o outro pela manga verde no alto.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A Cadeia que Amamos

domingo 5\9:
-oi
-oi, td bem?
-td bem, e vc?
-td certo, tá sumido.
-tô mesmo, é q tô trabalhando, então não tenho mais muito tempo pra ficar aqui e quando tenho tempo não tenho energia rsrs
-legal vc está trabalhando, não encontro emprego...
-é tá difícil, mas vc consegue. tô morrendo de saudade
-eu tbm, faz tanto que a gente não se vê
-é verdade, eu folgo nos domingos, podemos sair um domingo desses
-legal, podemos marcar sim, que tal irmos ao shopping?
-maneiro, depois vemos direito, tenho que sair, tô cansadão
-bj, não some hein
-bj, pode deixar.

domingo 12\9:
-oi
-olá
-e aí ainda tá trabalhando?
-sim, tô sim, e vc? 
-ainda não, mas tô procurando.
-isso não desiste, vou sair, vou dormir porque amanhã vai ser pesado
-ok, vai lá. não esquece que precisamos marcar pra beber alguma coisa
-não esqueço, e começo do mês que vem a gente vai... quem sabe.
-é, vamos sim, até
-até

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Esta é a cadeia em que vivemos sem sentir,
Esta é a algema que usamos sem notar,
Esta é a sucessão que temos que experienciar,
Esta é a cordilheira que experimentamos e nos perdemos,
Esta é a serrania em que passamos,
Esta é a ligação com o vazio que criamos,
Este é o xadrez que estamos sem constatar,
Este é o espinhaço em que andamos,
Este é o laço cego em que confiamos a flexibilidade,
Este é o cárcere em que mendigamos,
Este é somente o fim do caminho, o fim que não reconhecemos.
A morte que amamos.

domingo, 8 de setembro de 2013

O Desfile do Dia da Independência

   Esse é um relado fictício de um garoto que foi ao desfile de 7 de Setembro de 2013 no Rio de Janeiro:
   Tenho 8 anos e ontem fui com meu avô no desfile pra comemorar o Dia da Independência do Brasil, meu avô era soldado e foi até para a guerra uma vez, mas agora ele não vai mais porque está velho. Ele me disse que antigamente desfilava também, com roupa de soldado e tudo, quando eu crescer quero ser soldado igual a ele para defender meu país. Tá muito calor aqui na arquibancada e estamos muito longe do desfile, nem dá pra ver direito... Mas estou comemorando esse dia que é muito importante. Meu avô disse que a água ali custa 3 vezes mais do que nos outros lugares.
   Uns moços de preto, com máscaras entraram no desfile, minha professora disse que eles são baderneiros, mas as pessoas bateram palmas quando eles entraram. Meu avô disse que não podia aplaudir porque eles só quebram as coisas, mas eles não estavam quebrando nada, eles só estavam xingando, falaram "Ei, Cabral, Vai..." o resto é feio e eu não posso falar. Perguntei a vovô porque eles estavam falando aquilo, porque a professora disse que Cabral já tinha morrido a muito tempo, meu avô disse que era outro Cabral, o governador, ele estava assistindo o desfile também.
   Do nada teve um estouro muito alto, eu vi, foi um policial que disparou na minha direção uma bala gigante que soltava fumaça, quase pegou em mim, a fumaça ardia muito, meu rosto, meus olhos parecia que tinha fogo, eu tava tossindo tanto que quase vomitei, comecei a chorar. Meu avô pegou minha mão e correu, ele não pode correr porque tem problema de coração, e a gente não tava respirando direito. Vovô caiu no meio da rua, parecia que morreu, meu pai disse que a polícia ajuda a gente, eu tava gritando mais um policial pulou por cima do meu avô e começou a bater no cara que tava com o rosto tampado, a polícia fez certo porque quem cobre o rosto é bandido, bandido mata as pessoas, mas acho que aqueles que estavam ali não eram bandidos porque não faziam essas coisas.
   Um outro homem que parecia bandido pegou vovô no colo e uma menina com uma máscara igual a do meu irmão pegou minha mão, meu irmão teve que sair de casa porque meu pai achou essa máscara na mochila dele, eles levaram a gente pra uma rua que não tinha pessoas correndo. Eles passaram um negócio no meu rosto e parou de arder, no meu avô também, mas quando meu avô acordou ele brigou com o moço e com a menina mascarada, disse para eles saírem da frente se não ele matava eles, tentei falar com vovô que eles ajudaram a gente, mas ele disse que a culpa de tudo o que aconteceu era deles, disse que foi a polícia que jogou a bomba na gente e deu tiro e choque nas pessoas, meu avô disse que se eu pensar assim eu vou virar bandido, que eu não posso me misturar com aquela gente. Eu não quero virar bandido, mas agora eu também não quero ser polícia e nem soldado porque eles matam as pessoas.
   De noite um homem da polícia disse na televisão que a polícia só atacou os vândalos, é mentira dele, eu e meu avô não somos vândalos e nem as pessoas que estavam assistindo o desfile com a gente, o moço da TV disse que a polícia dispersou os manifestantes depois que as pessoas foram embora, não é verdade, ele disse que a polícia agiu bem e está de parabéns, eles quase mataram o meu avô. Falei isso com o papai e ele disse para ficar quieto, não sei porque, amanhã ia falar isso para meu amigo Lucas e pra minha tia, mas meu avô disse que minha escola é de polícia e eu não posso falar isso se não me deixa de castigo, eu vou falar só pro Lucas... ele não vai contar pra professora e nem pro policial da escola.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A Esperança Que Aqui Já Se Foi

     Cantores mudos, escritores analfabetos, informantes descomungados. Seria a hora de escrever e cantar, contar, imaginar, se iludir de ilusão provável. Vivemos momentos históricos, resultados científicos normais e profecias sobre o universo natural, agora chega-se fora da galáxia, sei lá que mais. Ah, claro que sim, igrejas, terreiros, templos misticos também, todos profetizando e indicando o fim, recomeço, nascimento ou início dos tempos do além. Em cada consciência e em todos os confins de uma nova guerra o som de clarins. A guerra nunca foi fria, agora todos sentem queimar, ela chega aonde o vento chegar.
     Maquinas no espaço, olhos no mar, dizem que trazem luz, mas que luz? Comanda quem endeusa o boi e quem endeusa a cruz, cada um com um palpite, todos com muitas opiniões. O fato só já existe e ninguém pode negar, a contagem regressiva é obvia para todos, só não é transparente no que tudo vai se transformar. Busca-se nova Terra dizem cientistas, outros esperam a nova Jerusalém, outro Éden, Bodhi, Tian e Svarga; buscam somente a esperança que daqui se foi.
     Nos jornais, manchetes, reportagens, fotos de uma confusão armada, agora precisam de outros planos de enganação... Esses que iluminam, com luz negra que só reflete no que é preparado para aparecer ainda funciona muito bem, mas se procurar achamos os 7 erros, sempre haverão erros que não serão mostrados por quem canta a fama e nem de quem escreve a notícia. Se ainda assim não, seremos mais um da multidão cujo pretensão e se exterminar.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Nós Sem Medo Estamos Por Aí

     Não tem mais "Não", não pode dizer que não podemos, oprimir não vai adiantar de novo porque agora temos memória. Nós estamos por aí sem medo, sem medo por aí, lá, ali e aqui. A décadas tenta nos eliminar, mas não morremos, somos o povo, voltamos por causa do choro, e estamos aqui pelo suor que pinga enquanto você vadia. Não dá pra dizer sua cor, se é verde e amarela, se vermelha e azul ou preta; sua forma é indefinida, hora usa chifres de bode, ora usa mitras douradas, ora está de terno e gravata.
     Nova esperança de ser independente de verdade, não será feito com a assinatura de uma princesa e nem brotará um herói do chão, somos nós, eu que escrevo, aquele que lê, e quem faz acontecer. Sem esperança em sorte porque nessa frase também tem a morte, as praças do mundo repletas de sorrisos, chegaremos lá. Hoje somos uma cidade, amanhã seremos também o campo, as indústrias e os palácios dentro da evolução, revolução onde as vitrines não tem mais sentido, logo vestiremos o que quisermos vestir.
     Dá pra espalhar que "apesar de você amanhã há de ser outro dia", dessa vez é pra valer, despertamos sem medo, disfarçamos a dor, nos desprendendo dá mágoa que nem vivemos. Hoje precisamos estar com as câmeras atentas, amanhã estaremos com as mãos nos bolsos com um sorriso que não conhecemos, o real. Por dentro você nos fez cacos, agora começamos a nos reconstruir em doses lentas e cada vez mais fortes, mais forte que M.P.L., e mais forte que qualquer outro país.
     Não nos vemos naquelas vitrines, não somos manequins, foi bom ver você quebrar os vidros, atear fogo nos bonecos e colocar a culpa em nós, o resultado disso foi um outro significado, significa o quanto vale o ser humano. Somos uma multidão que daqui a anos nos assistiremos desfilar com camisas diferentes das que são mais caras que a gente, agora relaxe e nos veja passar.